segunda-feira, 27 de setembro de 2010

António Franco apoia Marinho e Pinto

"Sou advogado, em exercício profissional isolado, isto é, não integrado em sociedade de advogados, e tenho da Justiça e da Advocacia uma visão muito contra a corrente dominante.
Primeiro, entendo a Justiça como um valor social, de protecção do equilíbrio da convivência social, que não encontra ainda em Portugal (e, infelizmente, na maioria dos países ditos civilizados)uma expressão minimamente aceitável.
Não falo sequer da morosidade, mas sim do verdadeiro acesso do Povo à Justiça, pois afigura-se-me da maior evidência que quem tem poder económico continua a ser fortemente privilegiado no acesso à justiça em todos os seus planos, sobretudo quando se trata de encontrar meios de lhe escapar em virtude de condutas anti-sociais, sejam de índole criminal comum, fiscal ou contra-ordenacional.
Segundo, porque no panorama actual a Advocacia está transformada num puro negócio onde pontuam as grandes sociedades de advogados, muito longe do espírito de missão, de protecção dos mais fracos, que está na sua génese.
Não ignoro que a maioria dos advogados (entre a qual me incluo) trabalha honestamente e dá o seu melhor na defesa dos interesses dos seus constiuintes. Só que não é a maioria que influencia as "decisões superiores", não é essa maioria que está por detrás ou na génese das iniciativas legislativas. Somos uma maioria tão ignota, esquecida e maltratada pelos Poderes quanto desde sempre foi - e continua a ser - o povo meúdo de que fala Fernão Lopes. Pois, substancialmente, as diferenças entre nós continuam a ser as mesmas que entre a aristocracia e o povo daqueles tempos.
Por isso, embora não tenha votado no actual Bastonário, Marinho Pinto, encontrei na sua atitude desassombrada, às vezes excessiva, reconheço, um ponto de referência raro no seio dos advogados.
Daí que, nas próximas eleições, tenha o meu voto garantido.
Pois o País, mais do que os advogados(visto que não acredito que em tão curto espaço de tempo se possam mudar mentalidades e muito menos que tal se consiga contra a superior força dos interesses que os mais influentes dos meus Colegas representam), necessita que à frente da Ordem dos Advogados esteja alguém que, contra ventos e marés, não receie pôr, não um, mas todos os dedos nas feridas, doa a quem doer.
E esse alguém, neste momento, é Marinho Pinto.
António Franco"