sexta-feira, 29 de outubro de 2010

"País sem orçamento "vai sair muito caro ao bolso dos contribuintes"

"O bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, alertou hoje que o "país sem orçamento vai sair muito caro ao bolso dos contribuintes", considerando que os portugueses saberão recompensar aqueles que cedam "nos seus interesses próprios e imediatos".
Em declarações aos jornalistas à margem de uma conferência, no Porto, sobre o tema "O que fazer por Portugal? Medidas para ultrapassar a crise" -- organizada pela TSF e pela Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas -- Marinho Pinto afirmou que vê com "muita apreensão" o impasse em relação ao Orçamento do Estado para 2011.

"Espero que quer o PSD, quer o PS -- e já agora os outros partidos -- ponham os interesses nacionais acima dos seus interesses partidários imediatos. A situação que se vive no país é quase dramática em termos financeiros se não houver orçamento", sublinhou o bastonário da Ordem dos Advogados.

Marinho Pinto espera que "o Governo tenha a capacidade e a maleabilidade para ceder onde é possível ceder", tendo a expectativa da mesma capacidade por parte dos outros partidos.

"Tem que se pôr o interesse nacional acima dos interesses partidários e sobretudo não estar a fazer este tipo de negociações como um espectáculo ou com uma teatralização, voltado para sondagens ou para benefícios políticos imediatos", enfatizou.

O advogado considerou ainda que "o povo português saberá recompensar a longo prazo, em termos políticos, aqueles que forem capazes de ceder nos seus interesses próprios e imediatos".

Ciente que "o país sem orçamento vai sair muito caro ao bolso dos contribuintes portugueses", Marinho Pinto manifestou-se confiante num acordo sobre o documento, considerando que este "vai evitar consequências muito más", afastando assim a possibilidade do agravamento da crise.

"Os mercados financeiros são muito sensíveis a qualquer variação política, a qualquer sinal negativo que possa partir e portanto o preço do dinheiro dispara imediatamente consoante as informações, consoante o avanço deste tipo de negociações", explicou o bastonário, acrescentando que "só o facto de ter havido um empolamento demasiado desta situação já de si custou muito ao país".